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Coronavírus: hotéis pelo mundo abrigam médicos e viram hospitais

Em um esforço coletivo para aliviar os sistemas de saúde e dar suporte aos profissionais, hotéis estão sendo adaptados – inclusive no Brasil.

Como era de se esperar, a indústria do turismo está passando por um grande abalo com a pandemia de coronavírus: são milhares de cancelamentos e remarcações de hospedagem e voos, o que vêm deixando aeroportos cada vez mais desertos e hotéis vazios.

Para não se manterem inativas, empresas do setor hoteleiro ao redor do mundo estão oferecendo seus espaços para ajudar no combate da doença. Assim, quartos que antes recebiam viajantes começaram a abrigar médicos, enfermeiros e demais profissionais da saúde – e alguns estão até mesmo sendo transformados em alas hospitalares para tratar os doentes.

Em Manchester, no Reino Unido, dois hotéis (o Stock Exchange Hotel e o Hotel Football) fecharam as portas para o público e começaram a acomodar gratuitamente profissionais do sistema de saúde britânico. São ao todo 176 quartos em apoio a quem está na linha de frente na luta contra o novo coronavírus.

O clube de futebol inglês Chelsea também disponibilizou um dos seus hotéis em Londres, o Millennium Hotel at Stamford Bridge, para a equipe médica que trabalha longe de casa ou que não pode voltar para suas residências, seja por morarem com alguém que apresente sintomas, seja para evitar a disseminação do vírus caso estejam contaminados.

O governo do Reino Unido também está fazendo um esforço junto aos hotéis para acomodar moradores de rua. Autoridades chegaram à conclusão que é mais eficiente gastar com a hospedagem das pessoas vulneráveis do que com o tratamento de mais doentes. Em Londres, 300 camas do grupo Intercontinental Hotels foi reservada pelos próximos três meses para os desabrigados.

Na França e na Itália, uma parceria com o Airbnb permite que profissionais da saúde busquem acomodações gratuitas na plataforma e pessoas com imóveis livres (especialmente perto de hospitais) os disponibilizem por pelo menos 15 dias.

Um projeto similar foi desenvolvido em Portugal: o Acolhe um Herói incentiva quem é dono de casas ou apartamentos ociosos a cedê-los aos médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde que estão trabalhando na crise. Até o momento, mais de 50 pessoas já foram acomodadas pela plataforma. E mesmo quem não possui imóveis pode ajudar com doações, seja de camas, cobertores, roupas e outros recursos essenciais.

Mas não apenas quem trabalha nos hospitais está sobrecarregado: o próprio sistema de saúde está chegando no seu limite de capacidade, o que força os governos a encontrarem alternativas. Uma delas é justamente transformar hotéis vazios em alas hospitalares para receber os doentes – o que vem acontecendo cada vez mais na Europa.

Na Alemanha, hotéis estão sendo convertidos em hospitais provisórios para pacientes com sintomas mais leves do coronavírus. Assim, as unidades de saúde podem se concentrar em cuidar dos casos mais graves. Uma postura parecida foi adotada pela Espanha, onde 40 hotéis de Madrid estão sendo preparados para receber cerca de 9 mil casos menos urgentes da doença. Como primeiro atendimento, os enfermos serão tratados nos hotéis e, a depender da evolução do quadro, poderão ir para casa ou serão encaminhados aos hospitais. Entre os estabelecimentos escolhidos, está o Gran Hotel Colon, com mais de 350 quartos.

E no Brasil, o que está sendo feito?

Por aqui, iniciativas deste tipo estão se popularizando. No Paraná, cinco hotéis se voluntariaram para receber profissionais de saúde, o que faz evitar tanto o deslocamento quanto a disseminação do vírus. São ao todo 250 quartos que já passaram pelo processo de higienização e começarão a receber as equipes a partir do dia 25. A acomodação é válida, inicialmente, por 30 dias.

Em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a rede Don Rafael irá hospedar por pelo menos 15 dias os médicos que estão trabalhando na operação contra o coronavírus. Ao todo, 23 apartamentos estarão disponíveis com capacidade para acomodar 50 pessoas. Já no Rio Grande do Norte, o Hotel Senac Barreira Roxa será adaptado para receber trabalhadores da saúde que moram com pessoas que fazem parte do grupo de risco.

Quanto ao tratamento de pacientes, um hotel desativado na Bahia irá receber pessoas com outros problemas de saúde, concentrando nos hospitais apenas os casos de coronavírus. O estabelecimento no município de Lauro de Freitas, o Riverside, passa por reparos no momento e, por isso, não há uma previsão de quando os pacientes serão transferidos para lá.

Além disso, outros estabelecimentos já manifestaram sua vontade de ajudar. A rede Bourbon, com 21 unidades pelo Brasil, pôs sua infraestrutura à disposição do governo federal para receber pessoas em recuperação. No Piauí, a rede Arrey também se voluntariou para abrigar doentes, pessoas em quarentena ou médicos.

Fonte: ViagemeTurismo.abril

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