Ilhas que conseguiram driblar a pandemia já recebem turistas brasileiros
Viajar virou um assunto quase tabu durante a pandemia. São tantas fronteiras fechadas e restrições que, mesmo no auge do verão no hemisfério norte, o movimento turístico ainda está muito abaixo de qualquer expectativa de retomada do setor. Além da redução brusca de malha aérea disponível no mundo todo e da oscilação nos números de casos em destinos que abrem e fecham em sequência para o turismo, a insegurança de viajar e se contaminar no processo tem afastado as sonhadas escapadas paradisíacas da cabeça de muita gente.
Em meio a tudo isso, algumas ilhas do planeta conseguiram se manter de certa forma imunes ao novo coronavírus; ou, ao menos, se mantiveram com índices muito baixos de casos. E várias delas já têm fronteiras abertas para brasileiros neste segundo semestre (ainda que repletas de exigências sanitárias, é claro, com testes negativos para covid-19 obrigatórios).
Benefícios do isolamento geográfico
Enquanto o novo coronavírus se espalhou rápida e cruelmente pelo mundo todo, contaminando mais de 18 milhões de pessoas e provocando a morte de quase 700 mil (até 4 de agosto), algumas ilhas foram curiosamente “poupadas” dos avanços da pandemia.
Acredita-se que isso tenha acontecido muitas vezes pela sua própria situação geográfica, que já pressupõe algum isolamento de antemão.
No caso de algumas ilhotas do Pacífico (como a minúscula Nauru, de apenas 21 quilômetros quadrados e menor país insular do planeta), especialistas acreditam que o fato de muitos países asiáticos implantarem rápida e rigorosamente seus processos de isolamento social e lockdown logo no começo da pandemia tenha contribuído enormemente.
Ações rápidas que impediram não apenas o livre trânsito de moradores, mas também qualquer entrada de aviões ou navios em seu espaço, foram alguns dos fatores que tornaram muito difícil a chegada de qualquer indivíduo doente a esses destinos.
Ilhas como Palau, Tuvalu, Kiribati, Tonga e Vanuatu são outros exemplos de sucesso. Não por acaso, sete dos dez destinos menos visitados do mundo, segundo as Nações Unidas, são ilhas que estão atualmente livres de covid-19.
Reabertura com cuidados rígidos
Algumas das ilhas não atingidas pela pandemia, ou que registraram pouquíssimos casos da doença, em diferentes pontos do globo, já reabrem agora suas fronteiras para o turismo internacional – inclusive para brasileiros. A entrada de turistas estrangeiros ainda é limitada e severamente controlada na maioria delas, justamente para evitar surtos.
É o caso, por exemplo, da Polinésia Francesa, que também reabriu fronteiras turísticas para o Brasil. O Tahiti e suas ilhas, que passaram meses livres de covid-19, registraram agora um único caso, trazido justamente por um passageiro internacional de um dos navios de cruzeiro da Paul Gauguin. Mas, segundo a companhia, todos os demais passageiros e tripulantes do navio testaram negativo e a passageira assintomática que testou positivo já está isolada.
Na Polinésia Francesa, todo turista que quiser entrar em qualquer uma de suas ilhas tem que apresentar um teste PCR negativo de covid-19 no ato do embarque (feito no máximo três dias antes da viagem) e fazer outro teste no quarto dia no destino.
O arquipélago das Maldivas também reabriu fronteiras para o Brasil e vem controlando de maneira aparentemente eficaz seus casos, com apenas 18 mortes desde o começo da pandemia.
Vários de seus resorts já vinham sendo usados como destino de quarentena prolongada por diversas celebridades desde o começo da pandemia. E, hoje, quase todos eles já estão operando normalmente, seguindo todos os novos protocolos sanitários (vale lembrar que ali cada ilha é ocupada em geral por um único resort, o que também contribui para o distanciamento social).
Olhos voltados para o Caribe
Mas isso não é privilégio unicamente de nações asiáticas. Enquanto o continente americano se tornou o epicentro da covid-19, com os EUA e o Brasil liderando atualmente os números de casos e mortes no mundo todo, alguns países caribenhos começam a se declarar “covid-free” ou “covid-controlled” e também reabrem as portas para o turismo internacional (Brasil incluído).
Em muitos deles, as atividades turísticas são essenciais para a economia nacional. Segundo a ECV (EndCoronavirus Internacional Coalition), apesar de todo o caótico cenário das Américas, países como Bahamas, Barbados, Belize, Cuba, Jamaica, Trinidad e Tobago e Uruguai estão vencendo de forma consistente a batalha contra o novo coronavírus no continente.
Apesar de não ter passado ilesa pela pandemia, a República Dominicana – um dos destinos mais visitados pelos brasileiros no Caribe – reabriu as fronteiras internacionais no final de julho. As exigências para ingresso no país são o teste PCR negativo feito no máximo 5 dias antes da viagem e a “avaliação de saúde” completa conduzida na chegada à ilha. Em alguns casos, passageiros podem ser chamados para novos testes rápidos durante a estadia (casos positivos serão isolados imediatamente).
O Ministério do Turismo dominicano tem realizado alguns períodos de toque de recolher das 17h às 5h em destinos como Santo Domingo, La Romana, Samaná e outros (com exceção apenas para transporte de passageiros chegando ou saindo de portos ou aeroportos).
As Bahamas exigem que o turista que deseje aproveitar o sossego de suas praias preencha previamente um questionário oficial (disponível no site oficial de turismo do país), anexando um teste PCR negativo de covid-19 feito no máximo sete dias antes de sua chegada no destino.
A permissão de entrada é negada para qualquer turista que não enviar o resultado negativo do teste. Uma vez no destino, é preciso concordar com os termos da recém-implantada “campanha viajantes saudáveis” e seguir todas as normas sanitárias de distanciamento social e higiene ali informadas.
As ilhas de Aruba e Antigua e Barbuda também reabriram para o turismo internacional com as mesmas regras. A Jamaica também adotou o formulário eletrônico para conceder ou não autorização de entrada a cada turista e, no desembarque, todo mundo está sujeito a controle sanitário e de temperatura. Além disso, viajantes internacionais só podem se hospedar em hotéis localizados no chamado “corredor litorâneo” entre Negril e Port Antonio, criado pelo governo como uma das formas de controle dos avanços da pandemia na ilha.
Anguilla, que se declara covid-free, reabriu fronteiras para turistas oriundos de países com baixos índices de contágio da doença, mas permanecerá completamente fechada para brasileiros pelo menos até 31 de outubro.
Crédito: uol