Tendencia2021

2020 marcou o fim das tendências, então anota essas 6 para 2021

Carolina Sass de Haro, diretora da Mapie, representante da Phocuswright na América Latina e especialista e co-criadora do TRVL LAB, preparou um artigo onde aponta seis tendências para 2021, mas destaca que 2020 marcou o fim e a fragilidade das previsões futuras no Turismo e no mundo. A imprevisibilidade não impediu as pessoas de buscarem listas de tendências e apostas e no atual cenário, um pouco melhor que no ano passado, ela crava seis novas tendências, impactadas diretamente pela pandemia, ou até mesmo criadas por ela. As pesquisas em busca de caminhos e tendências nunca foram tão importantes como agora. Chega de achar e adivinhar. O momento agora é de pesquisar, observar e analisar.

Confira abaixo o artigo de Carolina Sass de Haro.

“O Fim das Tendências e o que esperar para 2021

Que 2020 foi um ano de profundas mudanças você já sabe, mas muito do que foi observado foram transformações e novos comportamentos acelerados. Em outras palavras, eles já estavam por aí, entre nós e circulando e quem estava atento soube aproveitar este momento e potencializar produtos e serviços associados ao tal (super utilizado termo) novo normal. Na medida em que ele se estabelece e se consolida, passa a ser o contexto atual, um novo natural que fará parte do cotidiano, quase como se ele estivesse por aqui desde sempre.

O mundo VUCA ficou obsoleto e novos acrônimos surgem, como BANI em inglês para frágil, ansioso, não linear e incompreensível. A fragilidade nos deixa mais expostos (como diante de uma pandemia, por exemplo) e a ansiedade nos torna mais voláteis, fazendo com que as transformações aconteçam de forma ainda mais rápida e descontrolada.

A não linearidade impede que determinados métodos consolidados, práticas de gestão, metodologias de pesquisa deem conta de explicar e responder aos acontecimentos, requerendo novos olhares, novas técnicas ou até a ausência delas. E finalmente, a imprevisibilidade, que é uma das únicas certezas atuais.

Vivemos o auge da evolução humana. Apesar de às vezes não parecer, especialmente depois de 2020, vale lembrar que a humanidade nunca foi tão próspera, tão saudável, com tanto acesso à informação e ao conhecimento, tão conectada, tão desenvolvida, tão avançada tecnologicamente, tão diversa e, como não poderia deixar de ser, tão complexa.

Esta complexidade nos deixa mais vulneráveis e as tribos desencaixadas tentam se encontrar, nos tornado mais polarizados. Ao mesmo tempo, estamos mais preocupados com o futuro do planeta e estamos mais solidários. Em resumo, estamos tentando entender o nosso lugar no mundo, em um mundo onde todo mundo tem lugar.

Dito isso, o ano de 2020 marcou o fim das tendências. Opa, como assim?

Em resumo, as tendências, refletindo o que está acontecendo no mundo, também se tornaram mais frágeis, ansiosas, não lineares e até imprevisíveis, porém, não menos importantes. Precisamos observar mais, perguntar mais, compreender mais, pesquisar mais, conhecer mais. Achar menos, palpitar menos, adivinhar menos. Precisamos entender que uma iniciativa isolada, um único indivíduo, um acontecimento singular podem engatilhar transformações e novas tendências que se espalharão de forma veloz e sem fronteiras.

Por isso, a pesquisa de tendências é ainda mais importante e ela deve ser como tudo que nos cerca na atualidade: ágil, conectada com o seu negócio e em mais profundidade, refletindo a realidade específica de um ou mais dos seus grupos de clientes, que inclusive, podem ser totalmente diferentes entre si. Não há fórmula mágica ou almoço grátis, há dedicação, esforço, curiosidade e ciência e isso, certamente trará algumas das respostas que precisamos.

Dito isso, o TRVL LAB (projeto da MAPIE com a PANROTAS), em parceria com o Disque9, escolheu 3 tendências de comportamento e consumo gerais, que também impactam o turismo e 3 específicas do setor para iniciar a reflexão neste ano que começa agora.

No novo mundo

  1. Tendência Floco de Neve:

Assim como cada floco de neve tem uma composição única, clientes também. Em um mundo onde a tecnologia está cada vez mais barata e acessível, a inteligência artificial e machine learning fazem parte de tarefas cotidianas, o cliente espera ser tratado individualmente, com as suas necessidades particulares. Não basta mais facilitar a jornada como um todo, é preciso facilitá-la para cada pessoa, reconhecendo suas preferências, hábitos e desejos. Certamente não é tarefa fácil, mas se implantarmos uma cultura de foco real no cliente, os benefícios serão sentidos por todos, lembrando que facilidade e redução do atrito não são mais tendência e sim uma obrigação das marcas.

  1. Tendência Mundo Reconfigurado:

O lar passou a ser ainda mais protagonista na experiência humana, acomodando as necessidades de descanso, lazer, atividades físicas, trabalho e escola. Esta reconfiguração coletiva das nossas atividades, tratará mudanças permanentes. Se muitas empresas adotam o home office total ao parcial no longo prazo, como fica o cenário urbano no seu entorno? Estacionamentos perdem sua importância, restaurantes e conveniências precisam de um repropósito ou reacomodação. Esta nova composição do lar (que pode ser em qualquer lugar) e do espaço urbano, transformam as cidades e os negócios.

  1. Tendência Desafio da Empatia:

Neste mundo complexo e polarizado, a empatia ganha força, mas torna-se mais desafiante e desafiada. Como acomodar de forma sincera as necessidades de todas as tribos e indivíduos? Consumidores mais engajados esperam que as marcas com que interagem tornem-se mais empáticas, solidárias, flexíveis e comprometidas com o bem-estar coletivo. Esperam ainda que elas se posicionem diante dos acontecimentos. Isso só será possível com propósitos e valores organizacionais claros, sob pena de parecer oportunismo.

No Turismo

  1. Tendência Engajamento sem Contato:

A economia de baixo contato deve permanecer, mesmo com o fim da pandemia. Com isso, web check-in, aplicativos e soluções tecnológicas já disponíveis podem fazer com que hóspedes e passageiros usufruam da experiência turística com quase nenhum contato humano. Diante disso, “como promover o engajamento com a marca?”, “como entregar hospitalidade? e “como fidelizar o cliente?” são perguntas a serem respondidas. A forma de acolher, envolver e emocionar está se transformando e empresas turísticas devem repensar seus processos para que sejam sim, digitais e tecnológicas, mas envolvidas de cuidados e atenção. As experiências digitais deixam de ser todas muito parecidas para assumir a personalidade das empresas e sua proposta de valor.

  1. Tendência Turismo por Assinatura:

Na Phocuswright Conference, em novembro, um dos grandes temas debatidos foi a netflixação do Turismo. Do TripAdvisor às pequenas startups, o Turismo por assinatura ganhou destaque, como uma forma de gerar receita recorrente às empresas ao mesmo tempo que promete entregar exclusividade e benefícios especiais aos clientes. Ainda é cedo para saber como esta tendência se desdobrará, considerando os desafios financeiros do negócio e sua relevância para o cliente, mas que as gigantes estão de olho é fato e isso pode mudar o jogo.

  1. Tendência Viagens sem Rótulos:

Por causa da reconfiguração da vida, como vimos anteriormente, o número de viajantes que combinam viagens de negócios e lazer cresce a cada ano. Cada vez mais, a linha que separa os objetivos da viagem está mais tênue, portanto, produtos corporativos devem pensar em experiências e momentos de lazer, ao mesmo tempo em que destinos de lazer devem oferecer alternativas e soluções para aqueles que precisarem trabalhar. A pandemia acelerou o nomadismo digital e novas necessidades devem ser atendidas pelos fornecedores de Turismo. Este insight e outros, fazem parte da pesquisa Insights para o Turismo e você confere ela na íntegra aqui. Em resumo, um único cliente, um único movimento, uma única ação podem engatilhar transformações não previstas. Desta forma, mantenha seu radar ligado, invista em conhecimento recorrente e em dados concretos sobre seu negócio e tenha clareza do seu propósito, só assim será mais fácil navegar por este contexto imprevisível.”

*Esse artigo foi produzido para a edição especial de Perspectivas 2021 da Revista PANROTAS.

Fonte: panrotas.com.br

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